HABITAÇÃO COLETIVA PARA ESTUDANTES
CONCURSO PÚBLICO NACIONAL DE ARQUITETURA MORADIA ESTUDANTIL – UNIFESP CAMPUS OSASCO
O projeto estimula o uso coletivo dos ambientes, tanto nas moradias quanto nas áreas comuns. A importância da integração geral do edifício para o convívio das pessoas se evidencia em cada pavimento, como na moradia individual que acabou se tornando múltiplos “núcleos de família”. Ao mesmo tempo, o projeto setoriza cada uso para uma melhor funcionalidade, organizando os espaços de acordo com sua característica.
Sua forma que está dividida em dois volumes, a parte superior de alto gabarito com pouca projeção e a parte inferior de baixo gabarito com maior área de projeção no terreno se equilibram em sua forma.
Juntos projetam no terreno menos de 50% de sua área, por consequência aumentou o gabarito de altura. Deste modo é possível manter a maior parte das áreas verdes existentes e criar um respiro no entorno do edifício, e a parte da área verde que o projeto retira do terreno, foi devolvido em forma de praça no pavimento de entrada do edifício.
A simplicidade dos materiais, da estética e da concepção resultou em um projeto interligado com o entorno. As principais áreas livres são externas para criar espaços criativos e descontraídos para os estudantes.
TOPOGRAFIA
Considerando manter as curvas de níveis existentes, sem grandes alterações, a ideia inicial para o projeto de habitação estudantil para a UNIFESP surgiu a partir da topografia da área de intervenção. Norteado pelo terreno, a proposta consiste em um primeiro volume que se adapta às curvas naturais, e um segundo volume superior de gabarito alto, criando um ponto de referência para o bairro. O projeto terá uma única entrada que acessará todo o edifício, que será realizada pela rua principal, a parte alta do terreno. A partir desta entrada acontece a setorização dos usos. No bloco superior estão locadas as moradias estudantis e no bloco inferior toda a área técnica e os espaços de uso comum. Já o acesso pelo parque, a parte baixa do terreno, será feita livremente.
MATERIAIS E SISTEMA CONSTRUTIVO
Pensando em uma obra econômica, um dos partidos adotados para a proposta do projeto foi o uso de materiais em sua forma bruta, ou seja, sem revestimentos. Dessa forma o complexo mantém uma economia considerável além de se integrar discretamente à paisagem.
A escolha dos materiais para o projeto foi definida pensando em uma obra seca, sendo todas as lajes pré-moldadas, fechamentos internos em dry-wall e fechamentos externos em vidro e elementos vazados. Deste modo se torna uma obra rápida e sem muitos entulhos.
Algumas soluções sustentáveis foram aplicadas à proposta como o reuso de águas pluviais, a utilização de placas fotovoltaicas para aquecimento de água e um maior racionamento de energia além do projeto manter um sistema individual de caixas d’água, sendo um fluxo para cada núcleo de áreas molhadas.
FORMA
O projeto foi implantado tentando acompanhar a topografia original para evitar grandes movimentos de terra. A laje que está no nível da rua principal, onde acontece a entrada do edifício, se forma uma grande praça. Nesta área se encontra um volume com fechamento em vidro, onde acontece a distribuição da parte baixa e alta do complexo. A parte alta do edifício está acima do nível da rua, este volume de 38x29x63 metros possui uma pele criada a partir de elementos vazados de diferentes desenhos, locados ora sim, ora não, trazendo leveza e principalmente a transparência do exterior para o interior. O sombreado do elemento vazado cria um desenho na parede dos dormitórios, além de manter dessa forma uma boa ventilação e iluminação natural para os espaços de moradia.
A parte baixa, que se acomoda no terreno, encontra se toda a estrutura técnica e as áreas de uso comum. Este volume de 88x29x10 metros foi fechado com esquadrias móveis de vidro, desta forma o pavimento todo pode se abrir, garantindo a ventilação cruzada.
O teatro ao ar livre, que está sobre o volume inferior, é acolhido pelo desnível natural do terreno, criando um ambiente descontraído e quase imperceptível por sua camuflagem à paisagem.
MORADIA
Os dormitórios coletivos estão organizados em 17 andares, sendo o 1º pavimento destinado às moradias acessíveis, que terão acesso pelo elevador da caixa de circulação e pela rampa. Do 2º ao 7º piso estão os dormitórios individuais, do 8º ao 13º os dormitórios duplos e do 14º ao 17º estão os dormitórios familiares. As unidades de habitação de todas as categorias seguem praticamente o mesmo padrão, que são dormitórios que abraçam um núcleo central de áreas molhadas, excetuando a configuração das moradias de família, que foram planejadas com espaçamento entre uma unidade e a outra, caso futuramente a família cresça e precise construir mais acomodações.
COLETIVIDADE
Os espaços coletivos se disseminam por um único pavimento, e são separados basicamente por panos de vidro, armários e portas para uma maior integração do espaço. As aberturas das portas são estratégicas, de acordo com a necessidade de cada uso, ou a junção de alguns. Os usos comuns externos que são a grande praça e o teatro, recebem mobiliários fixos que acompanham o desenho da implantação. Já a quadra poliesportiva está localizada na parte mais baixa do lote, para que não haja cortes significativos do terreno.
Dados do Projeto:
Projeto: 2015
Área de intervenção: 10.036,36m²
Área construída: 24.131,09m²
Ficha Técnica:
Autores: Tamie Deno, Cassio Riman, Frederico Zanelato e Sergio Faraulo.